segunda-feira, 23 de julho de 2012

O Aquário.



Quando chegou tinha sofrido muito com a mudança de onde estava para seu novo lugar. Fora transportado de um lugar onde talvez se perdesse, fosse desmontado, para um lar, cujo dono o recebera com carinho, pronto para cuidar dele. Era como uma pessoa, uma ovelha sem pastor... Antes a mercê de qualquer um que se aproximasse e o tratasse como quisesse. E muitos haviam chegado perto dele para bater em seu vidro. Agora tinha quem o protegesse: seu dono o havia comprado. E seria guardado. Estava salvo, ganhou um pastor. Mas ainda não estava bem.

Aquários são como jardins, precisam ser cultivados. Precisam ser protegidos. São como a terra do coração. Não podem receber qualquer coisa dentro de si. Podem morrer se isso acontecer. Precisam de carinho para se equilibrarem, precisam de estar a salvo para viverem de fato.

E o Aquário se mostrou quase a morte. Embora em seu coração o dono mantivesse esperança de sua reação, de sua recuperação. E trabalhasse firmemente para isso.

A água do Aquário estava turva. Permaneceu assim por quinze dias. Dava para ver sua luta em recuperar das feridas feitas, a agressão sofrida. Quando acendiam suas lâmpadas, apenas seres de aspecto repugnante se mostravam. Estavam ali por um propósito de limpeza, mas isso não diminuía sua aparência. Eram vermes e lesmas presas a conchas. Difícil foi acreditar que teria vida... Mas seu dono cuidava dele com zelo e amor. Acreditava nele. Mas por estes dias o Aquário esteve como doente, aguardando o tempo de mudança, cumprindo o ritual de ser limpado.

Quinze dias e sua água revelou-se clara. Mas ainda havia um problema: estava esverdeada. E o Aquário que tinha pensado já estar pronto, ainda inspirava cuidado. E como alguém que necessita de ajuda para liberta-se totalmente, o ele precisou de interferência externa para conseguir se equilibrar. Ali estava, mesmo que o Aquário não tivesse percebido antes. Uma presença havia que nunca o tinha abandonado, como a presença do Deus Vivo ao lado de seus filhos. Era uma pequena bomba que até hoje funciona dia e noite, purificando suas águas, como purifica o sangue vertido na cruz; e um termostato, aquecendo o Aquário do frio, como as consolações do Espírito Santo aquecem os corações de quem busca ao Deus Eterno.

Mas como disse, suas águas estavam verdes. Era o sinal de uma doença. Uma infestação por algas. E esta infestação poderia matar o Aquário porque poderia retirar o oxigênio da água. As plantas morreriam, até os vermes faleceriam. E o jardim se transformaria em morte.

Porém, seu dono, carinhoso e atento, rapidamente interferiu como mandando uma palavra de bênção e vida sobre o Aquário, que o fez reviver. Limpou suas águas das algas, o protegeu da luminosidade excessiva e o auxiliou no caminho de se equilibrar. Foi preciso seguir regras e o Aquário foi guiado por um caminho, uma lei que o protegeu da infestação. A lei que regia a vida em suas águas, mantinha o oxigênio e controlava a população de algas. Seu dono, com o filtro que funcionava sempre e o termostato que nunca parava, auxiliaram o Aquário que finalmente via suas águas tornaram-se límpidas.

Então, após alguns testes, após todo cuidado ele finalmente recebia peixinhos. Pequenas vidas que até hoje pulam em suas águas, nadam e tornam aquele lugar feliz.

Quanto aos vermes e às plantas que com ele chegaram... Agora são sustentados pela vida que suas águas geram, assim como os coloridos peixinhos.

É como um coração. Chega às mãos do Deus Senhor de Tudo cansado, poluído, precisando de carinho, de limpeza, de equilíbrio. Cuidado com amor, tratado por leis que o protegem, o cercam, fica claro, limpo, equilibrado e finalmente gera vida, águas vivas que fluirão do seu interior.

É preciso um dono para cada um de nossos aquários. Que este dono seja Aquele que conhece todas as leis e possuidor de graça infinita.


Nenhum comentário:

Postar um comentário